julho 31, 2011

PRODUÇÃO DE SILAGEM

A silagem é um produto de fermentação controlada da forragem verde em um silo que retem índices de umidade elevada. O material é armazenado normalmente nos silos sob circunstâncias anaeróbicas, ou seja que não há oxigênio. Os ácidos orgânicos naturalmente produzidos, preservam a forragem e para que isso ocorra o  silo deve ser hermeticamente fechado após o enchimento. Durante períodos de disponibilidade abundante de forrageiras, o que é em excesso às exigências imediatas pode ser convertido à ensilagem e ser armazenado para utilização como um suplemento durante períodos de deficiência de alimentos, por exemplo estação seca ou inverno.

Processo de fermentação

Quando a forrageira é ensilada, os açucares são convertidos em ácido lático pelas bactérias (essas bactérias só trabalham quando não há oxigênio no ambiente), e é esse ácido láctico que diminui o pH e conserva o vegetal, permitindo ser preservada por bastante tempo. Então para se conseguir a preservação da silagem, é necessário uma rápida queda do pH , deve se chegar a um nivel em que um outro ácido não seja produzido, o ácido butírico. Se o pH não estiver baixo o suficiente (cerca de 3.5 a 4.2 ) a fermentação butírica causada por outros tipos de bactérias irá ocorrer. A fermentação butírica “quebra” os nutrientes da silagem prejudicando sua palatabilidade e digestibilidade para os animais.

Escolhendo a forrageira para ensilagem

Produzir silagem é útil somente se o produto ensilado é de boa qualidade, com alto valor energético e de boa digestibilidade. As forrageiras mais bem sucedidas na produção de forragens são: Milho, sorgo,girassol, milheto e capim. Para terrenos férteis e solos bem preparados a melhor opção é o milho, se o solo for pobre e se dispõe de poucas tecnologias, o sorgo pode substituir o milho. Outra forrageira bastante utilizada é o capim elefante pois tem alta produtividade por hectare, podendo ser colhido em apenas 60 dias. 
O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SILAGEM PODE SER DIVIDIDO EM TRÊS ESTÁGIOS:

1.     Colheita da forragem
Cada vegetal a ser ensilado tem época certa a ser colhido, no caso do milho, o corte é feito após os 100-110 dias de crescimento, quando alcança o estágio de grão farináceo-duro, ou seja quando o teor de matéria seca do milho é de cerca de 28 - 35%. Para identificar a  matéria seca da planta simplesmente colha uma espiga de  uma planta de fileira uniforme, quebre a espiga ao meio e observe a linha do leite dos grãos, se a semente apresenta dois terços sólido e um terço liquido, estará pronto para colheita. (veja fig. abaixo).

A produção do milho varia cerca de 20-30 t de massa verde por hectare e é a planta mais escolhida pelos  produtores para a produção de silagem por causa de seu alto valor nutritivo e concentração de energia.
O sorgo é a segunda opção dos produtores, pois possui boas características para boa fermentação e conta com um bom valor nutritivo, assim como o milho.  A colheita do sorgo é semelhante a do milho, seus grãos deverão estar avermelhados, em ponto farináceo, de 28 a 30% de matéria seca, a produção varia de cerca de 20-40 t de massa verde por hectare.
2.  Compactação
Uma compactação bem feita é a chave do sucesso para se produzir uma silagem de qualidade, portanto deve-se ir colocando a forragem picada em camadas no fundo do silo. Importante lembrar que o ideal é que a planta seja picada em pedaços pequenos de 2-3 cm para uma melhor compactação. Cada camada deve ser muito bem socada, preferencialmente com ajuda de tratores pesados, essa compactação  importante para a expulsão completa do ar. Para melhor compactação deve se fazer camadas com no máximo 30 cm e o trator deve trabalhar em velocidade lenta, o ideal  terminar o enchimento do silo em um único dia.
3. Vedação
Para estimular a fermentação é feito o fechamento do monte com lona preta, fazer últimos reparos em possíveis buracos no plástico, depois recomenda-se aplicar sobre a lona algum peso que pode ser terra, areia ou pneus velhos. O local também deve ser cercado para evitar a entrada de animais.
Tamanho e tipo de silo

Os silos tipo Trincheira são os mais utilizados, aproveitando- se o desnível do local, faz-se uma vala no chão, esse tipo de silo tem vantagens pelo baixo custo de construção, facilita o descarregamento e a compactação. Outro tipo de silo bastante utilizado em países Europeus são os Silos de Superfície, sua vantagem é o baixíssimo custo de construção, pois nao contam com paredes laterais, a área deve ser plana, e uma camada de palha é necessária para impedir que a forrageira entre em contato com o solo. Há também silos do tipo cisterna ou aéreo, chamados de cilíndricos verticais, mas são menos usados.
Silo Tipo Trincheira
O tamanho do silo vai depender do número de animais, quantidade de alimento disponível e do comprimento do período de alimentação. Por exemplo:
Considerando bovinos de leite adultos, consumindo 50% da ração sob a forma de silagem, receberiam 20 quilogramas de silagem por dia. Para um período de alimentação de 180 dias, 3.6 t de silage seriam exigidos. Considerando a perda da ensilagem de 15%, 540 quilogramas da forragem fresca devem ser adicionados, para chegar em um total de de 4.14 t. Supondo que a fazenda tenha 50 animais, e que cada metro cúbico comporta 0.6 t, iremos precisar de um silo com capacidade para armazenar 207 t de silagem, ou um silo de 345 m3.

ADITIVOS
Aditivos são produtos que podem ser adicionados à massa verde melhorando a fermentação, conservação ou o valor nutritivo, bem como sua digestibilidade. Na silagem de milho por exemplo pode-se utilizar a uréia que deve ser distribuida uniformemente entre as camadas no momento da compactação. No caso de ensilar o capim elefante que tem baixo teor de carboidratos, fubá de milho, farelo de trigo, farelo de arroz, melaço, cana, inoculantes bacterianos, também podem ser utilizados como garantia de boa fermentação. O aditivo bacteriano éo aditivo mais utilizado no Brasil pela sua capacidade de fermentação mais eficiente das forrageiras e conservação do material, mas podem aumentar consideravelmente o custo da silagem.
FORNECIMENTO DA SILAGEM
Aproximadamente 30 dias após o fechamento do silo, pode-se começar o fornecimento aos animais. A retirada da silagem é feita cortando-se uma fatia uniforme de 15 cm de espessura e deve ser feita diariamente. Ao abrir o silo, a silagem deve apresentar coloração clara, verde-amarelada ou verde oliva e ter cheiro agradável. Silagem de má qualidade ou estragada será prejudicial aos animais, portanto não deve ser fornecida. A quantidade a ser fornecida varia com as necessidades nutricionais de cada animal, por exemplo para uma vaca de leite poderá ser fornecido de 25 a 35 kg/dia de silagem de milho na fase de lactação.
Fontes:
Embrapa Gado de Leite
Informe Técnico Pioneer


julho 15, 2011

Minha Experiência Trabalhando Com Gado De Leite Na Nova Zelândia

   Com quase 4 anos trabalhando com rebanhos de gado leiteiro aqui na Nova Zelândia, me veio a vontade de passar um pouco da minha expêriencia com os leitores do meu Blog sobre como é possível ter uma produção alta de leite com qualidade e a baixos custos.
   A Nova Zelândia é um país pequeno, (pouco maior que o estado de São Paulo), tem cerca de 4 milhões de habitantes e a produção de leite aqui é uma das atividades mais importantes para economia. O país e formado por 2 ilhas, a do norte e a do sul, sendo que um terço de todas as fazendas leiteiras da Nova Zelândia estão localizadas na região norte.
   Sua produção de leite está voltada principalmente à exportação, cerca de 90%. Com uma eficiente estrutura e logística para a captação e transporte do leite, a Nova Zelândia é um país modelo na produção de leite e é considerado líder mundial em produção de leite em sistema de pastoril. Em 2007 a Nova Zelândia teve mais de 4.2 milhões de vacas produzindo mais de 15 bilhões de litros de leite.

Características Principais:
A Fazenda E O Rebanho
  
O rebanho nacional é basicamente composto por Holstein-Friesian (47%, diminuindo), KiwiCross (cerca de 30% aumentando) Jersey (15%), Outras (8%).
Na Nova Zelândia as fazendas de leite tem em média 500 vacas, com lotação entre 3.0 – 3.3 vacas/ha. As vacas são ordenhadas duas vezes ao dia o que leva aproximadamente 2 horas por ordenha. Todas as propriedades possuem ordenha mecânica na qual as mais populares são de fila (HERRINGBONE DAIRIES), usado a muitas décadas e com melhor relação custo-eficiência. O outro sistema é de plataforma rotatória (ROTARY SYSTEMS) que funciona como um carrossel, esse sistema só é uma opção quando a fazenda tem um rebanho maior.

   O leite é então armazenado em tanques de refrigeração e depois é coletado por um caminhão tanque até a cooperativa. A maioria das fazendas são operadas pelos próprios donos, e uma grande porcentagem das fazendas operam em sistemas de parcerias.

Manejo Das Pastagens
   As vacas neozelandesas são alimentadas praticamente só a base de pastos, em algumas fazendas pode haver suplementação, mas em geral em poucas quantidades e em períodos críticos do ano. Os fazendeiros devem ser eficientes gerenciadores de pastagens, a fim de conseguir os melhores rendimentos do pasto naquele ano e no seguinte. Todo crescimento adicional do pasto é convertido em silagem/feno para alimentar quando o crescimento do pasto é deficiente, como durante um período seco do verão ou no inverno. As vacas são movidas de um pasto para o seguinte uma ou duas vezes por dia em 20 - 30 dias de rotações.
   O sistema rotacional da pastagem é o mais usado na NZ , pois esse sistema permite a reabilitação da gramínea. Por esse motivo as fazendas são cuidadosamente divididas com cercas permanentes em seções menores (piquetes). São também utilizados cercas temporárias entre os piquetes, especialmente no inverno em que há rigoroso controle do pasto devido baixo crescimento da mesma. A área escolhida para alimentar o rebanho cada dia depende do número de cabeças no rebanho e a época do ano. A fertilização do solo é feita com nitrogênio(N) , em forma de uréia e com o chorume do próprio rebanho, os outros fertilizantes como o fósforo(P) e potássio (K) e correção do solo são feitos com base em análises de solo.

Produção Estacional
   Uma das consequências da alimentação dos animais ser exclusivamente a pasto é a sazonalidade da produção. Isto é feito para aperfeiçoar a produção de leite quando a quantidade e a qualidade do pasto estão em seu pico. Em consequência, pouco leite é produzido nos meses do inverno (maio, junho e julho). Para que haja uma sincronização dos partos, 90% das vacas são inseminadas num período de 3 a 4 semanas. O objetivo da inseminação concentrada é para que a maioria das vacas comecem a parir no final de julho, por um período de 6 a 10 semanas, isso coincidirá com o período de maior crescimento da grama com o pico de produção de leite que é na primavera.

Qualidade Do Leite E O Sistema De Pagamento Por Milksolids
   Como quase toda a produção é destinada a exportação, a Nova Zelândia tem se dedicado a qualidade do leite. As exigências nos padrões de qualidade do leite estão cada vez maiores, tanto que a baixa qualidade afetam até o pagamento do leite ao produtor. As áreas de maior interesse para garantir um alto padrão de qualidade são:
·         Monitoramento de higiene de todo o sistema;
·         Estabelecimento de um sistema de limpeza da máquina de ordenha eficiente ;
·         Controle rigoroso de substâncias químicas no leite proveniente de animais em tratamento, como antibióticos.
   O sistema de pagamentos feitos aos produtores na Nova Zelândia são feitos pela soma dos  milksolids (Milksolids são os sólidos totais do leite, ou seja a gordura e a proteína). Em 2010 por exemplo a cooperativa Fonterra pagou em media de $6.90-$7.10 dólares neozelandezes para cada quilograma de milksolid.

 Organizações De Pesquisas E Programas de Melhoramento Genético
   A Nova Zelândia conta com serviços de consultoria  e organizações de pesquisas  avançadas, a DairyNZ e a AgResearch. O país conta também com a Livestock Improvement Corporation (LIC), responsável pelo controle leiteiro e de células somáticas, inseminação artificial, melhoramento genético e outros serviços aos produtores, inclusive os de informação e extensão, consultorias e coleta de dados estatísticos. A Livestock Improvement Corporation (LIC) é responsável pelo Herd Test (Teste do Rebanho). Quatro vezes por ano o rebanho de cada fazenda passa pelo herd teste que  permite aos fazendeiros coletar informações sobre cada vaca individualmente, essas informações são arquivadas anualmente e é vital para o gerenciamento e tomada de decisões. Os produtores podem avaliar  o desempenho animal dentro do rebanho, dentro da região, ou nacionalmente. O herd test fornece informações como volume do leite, rendimentos de proteína e gordura e contagem de células somáticas.
   O programa de melhoramento genético na NZ também reúne as melhores tecnologias do mundo, o mais atual sistema em que se esta trabalhando hoje é o Animal Evaluation, que permite uma comparação entre os animais, focando nas raças. As vantagens desse sistema são:
·         Avaliação das cruzas das raças
·         Maior precisão
·         Foco na eficiência e rentabilidade

 Preocupação Com O Meio Ambiente
   Na Nova Zelândia existe uma grande preocupação com o meio ambiente, são da filosofia de:
• Não utilizar recursos mais rapidamente do que podem ser substituídos;
• Não gerar  poluição ou o desperdício mais rapidamente do que podem ser absorvidos, dispersado ou dissipado.
   Os produtores de leite da Nova Zelândia são inovadores em aplicar práticas a favor do meio ambiente e em levar as fazendas tecnologias novas porque seus negócios dependem de seus meios de subsistência e estes dependem de práticas sustentáveis da indústria de lacticínios. A indústria leiteira não será sustentável se os recursos naturais são degradados para impulsionar a renda agrícola.
   A indústria leiteria mostrou liderança em desenvolver estratégias para manter a atividade sustentável, como por exemplo a utilização dos efluentes das salas de ordenha que são armazenados em esterqueiras e utilizados em fertirrigação, para não contaminar os lençóis freáticos. Todo o sistema é monitorado e se nao tiverem de acordo com a legislação os fazendeiros são penalizados com altas multas e forçados a mudar seus sistemas para encontrar os padrões ideais.

julho 03, 2011

Produção de Leite no Brasil Toma Novos Rumos



     No cenário mundial, o mercado brasileiro tem um potência muito grande quando o assunto é a produção de leite, pois o Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo, está crescendo, e a expectativa é de crescer ainda mais e ficar com a 5ª posição. O leite é considerado um  importante produto da agropecuária brasileira, é de grande importância econômica e social para o Brasil, além de ser um produto saudável pelas vantagens nutricionais que possui. Mas para que o Brasil passe da condição de importador, para um poderoso exportador é indispensável empregar tecnologias mais específicas, o produtor precisa mais orientação e assistência técnica, principalmente no que diz respeito a programas de alimentação animal mais eficazes para aumentar a produção  com custos mais baixos.
     A introdução de novas técnicas que proporcionam o aumento da produção de forma planejada e com orientação adequada possibilita ao produtor ter maiores lucros a médio prazo. É o que estão fazendo produtores de leite neozelandeses aqui no Brasil, com a fazenda Leitíssimo situada no extremo oeste baiano . O empreendimento  está trazendo resultados surpreendentes, com uma média de 35.000 litros/ha/ano de produção de leite a pasto, e o custo de produção gira em torno de 60% o que torna esse sistema viável.
     A Fazenda Leitíssimo é a maior fazenda de produção de leite do Brasil com gado em sistema de pastoreio, e ultiliza práticas e princípios de produção desenvolvidos na Nova Zelândia. A alimentação à base de concentrados na Nova Zelândia  é quase 10 vezes mais cara que a alimentação baseada em pastagens. Este fato fez com que produtores da Nova Zelândia procurassem tecnologias de produção baratas, e o pasto foi a solução principal para reduzir os custos de produção. O manejo da pastagem é feito de modo rotacionado que consiste na subdivisão das pastagem em piquetes menores, os animais são alimentados em sistema de rodízio com períodos de descanso adequados para permitir o crescimento da grama. Para a implementação desse sistema é necessário respeitar os períodos de descanso das forrageiras.
     Outros fatores cruciais a esse sistema são:  Fazer uma boa correção do solo, mantendo-o fértil; escolher variedades de gramíneas que produzam pasto de alta qualidade; ter rebanhos de animais adaptados a essa dieta; utilizar práticas de irrigação. O sistema de produção da fazenda Leitíssimo apresenta outras tecnologias importantes que torna o empreendimento produtivo, como: irrigação realizada por 4 pivôs centrais, responsáveis também pela adubação; pulverização do estrume em forma de chorume na própria fazenda, completando a adubação;  melhoramento da genética animal atravéz da inseminação;  análises periódicas do solo.
     Confira abaixo os videos com a reportagem sobre a fazenda Leitíssimo feito pelo Globo Rural:

Parte I :




 Parte II: